Em João, Capítulo 8, há uma das mais cativantes defesas de Jesus.
Jesus estava com seus discípulos no Monte das Oliveiras, quando, de repente, uma multidão surge trazendo uma mulher.
Escribas e Fariseus a acusavam de adúltera, pois havia sido apanhada em flagrante. Na época, a Lei determinava que mulheres adúlteras deveriam ser apedrejadas. A multidão indagava Jesus sobre o que deveria ser feito para puni-la.
Jesus se inclinou, começou a escrever com o dedo na terra e disse:
— “Aquele que dentre vós estais sem pecado, seja o primeiro que atire a primeira pedra contra ela.” Com sabedoria, Ele não discute a Lei, apenas muda o alvo do julgamento (advogado dos advogados modo ON).
Quando ouviram isto, os Escribas e Fariseus se retiram envergonhados, um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
Jesus, então, pergunta:
— “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?“
— “Ninguém, Senhor“, respondeu ela.
— “Eu também não te condeno: vá, e não peques mais“.
Na época de Cristo, as mulheres eram marginalizadas, tratadas como impuras e inaptas para qualquer função na sociedade, a não ser para a de esposas e mães. A mulher que dava à luz era declarada impura. Por ser filha, 80 dias de impureza (meninos eram impuros por 40 dias). Por ser esposa; a relação sexual a tornava impura durante um dia.
Sempre se justificava e se mantinha o privilégio e a dominação do homem sobre a mulher. Se um homem não gostasse mais da sua esposa, podia livrar-se dela dizendo que ela já não era virgem quando se casaram. Se os pais da mulher não conseguissem provar o contrário, ela seria apedrejada. Somente homens tinham o direito de pedir o Divórcio. A Lei previa a morte de um casal adúltero, porém, na prática, somente a mulher era julgada e condenada por adultério.
Hoje em dia, após mais de 2.000 anos, nós realmente esperamos que a desigualdade de gênero e qualquer tipo de violência contra a mulher seja combatida. Sob à luz da palavra de Cristo, da Justiça e de uma sociedade digna, que não exista mais o estigma de tantas Suzanas e Marias Madalena por ai…
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438