Diante de todos os acontecimentos ruins que nos deparamos no dia a dia, é tão bom sermos positivos em todos os sentidos, deixando frustrações, angústias e tristeza de lado, não é?
Na verdade não. Dar importância apenas para as boas emoções é pura invalidação emocional e isso pode trazer graves consequências à sua saúde mental.
Felicidade tem a ver com viver intensamente o presente, para o bem e para o mal, com seus dias de pesar e gravidade. Tem menos a ver com expectativas e mais com a realidade. Ao acreditar nessas afirmações de positividade contínua e achar que a felicidade é uma obrigação, começamos a nos esforçar para não sentir medo, raiva ou tristeza, emoções que, apesar de desconfortáveis, têm funções essenciais à sobrevivência humana.
Se ignoramos esses sentimentos, passamos a ter dificuldade de acessá-los, até o ponto de não conseguirmos mais identificá-los. Só que eles continuam lá e em algum momento explodem em forma de adoecimento psicológico.
Por mais difícil que seja a realidade, a única maneira saudável de encará-la é aceitá-la do jeito que ela é. Isso não significa deixar de tomar atitudes conscientes para ter algum bem-estar. Frente a um momento de sofrimento, primeiro precisamos reconhecer que ele está ali e depois ver o que é possível fazer para amenizá-lo.
Um exemplo prático e atual para entender como aplicar essa sequência: ao se perder o emprego, uma pessoa pode, para evitar a tristeza e o pânico, buscar um consolo na ideia de que já nem estava tão feliz naquele trabalho. Não há nenhum problema em enxergar na demissão uma possibilidade de mudança de carreira, que é algo positivo e motivador. Mas é fundamental lidar com a realidade, sem negar que existe ao menos um lado muito negativo nisso, que é a perda de renda. Isso é uma positividade saudável.
A positividade saudável está relacionada à resiliência, que é a capacidade de, em uma situação de sobrecarga, lidar com ela e sair mais forte da experiência. Ao contrário da resiliência, a positividade tóxica é um bloqueio, uma negação de uma situação, que não traz nenhum aprendizado.
Claro que todos gostaríamos de nos apegar somente aos aspectos positivos das nossas vivências. Mas, será que isso nos tornaria realmente felizes? Como podemos trabalhar isso da forma mais assertiva possível?
Em nossa live no Instagram, eu e a terapeuta Tati Santório, especialista em técnicas para Expansão da Consciência, conversamos sobre como é possível aumentar o nosso bem-estar sem fugir da realidade.
Assista!
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438
Fonte: Instituto de Psicologia da USP. “Como diferenciar otimismo e positividade tóxica em tempos de Covid-19“. CC BY-ND 3.0 BR.