Ana Brocanelo

Madrastas também podem ser chamadas de mãe?

Amor, insegurança, conquista de espaço - ser madrasta é muito mais complexo do que parece. No Dia das Mães, essa reflexão vai além das flores e do parabéns formal: fala de vínculos reais, desafios emocionais e direitos legais que poucas conhecem. Quer saber mais sobre os desafios e os direitos das madrastas? Leia nosso artigo completo.

O Dia das Mães se aproxima, e muito se questiona sobre madrastas serem ou não consideradas segundas mães. O que mais me chama atenção é a necessidade que temos de classificar, quantificar e medir as relações que permeiam nossos sentimentos mais profundos. Não se trata de uma competição entre passado e presente!

Ser madrasta não é uma tarefa fácil – especialmente no início, quando há dúvidas sobre sentimentos e a sensação de ter que “cavar espaço” no novo relacionamento. Todo começo é incerto, traz inseguranças e exige uma enorme dose de tato e maturidade para lidar com essas relações.

Até onde podemos ir nessa relação?

Nos apaixonamos por alguém que já tem filhos de um relacionamento anterior e, infelizmente, a criança ou adolescente que vem “no pacote” nem sempre compartilha os mesmos sentimentos. Não podemos forçar vínculos e afetos. E sejamos sinceras: nem nós mesmas sentimos “amor à primeira vista”! Ainda mais quando é nossa primeira experiência envolvendo filhos de outra relação. É preciso ir devagar e conquistar espaço, pouco a pouco.

A relação entre madrasta e enteados exige paciência e comunicação – especialmente com o novo parceiro, que deve deixar claro aos filhos que o amor que sente por eles e o amor por você são coisas diferentes. Ninguém ocupa o espaço de filhos no coração de um pai ou mãe. Quem chega vem para somar: na alegria, nas risadas e no cuidado. É importante que todos deem uma chance para se conhecerem e entendam que é normal parecer estranho no início. Quem entra pode, sim, fazer parte dessa nova dinâmica – não para substituir o papel da mãe, mas para ser alguém especial, amado por quem é e pelo que traz de bom ao grupo.

A nós, madrastas, cabe entender que não somos as mães biológicas dessas crianças, que existe um vínculo anterior e que não é nosso papel substituir a mãe ou tentar consertar relações entre o ex-casal e os filhos.

Nosso papel é agregar alegria, um novo olhar, amar incondicionalmente dentro do que nos cabe. Precisamos ser aquilo que nos permitem ser, sem julgar o que já existia antes de nossa chegada. Cabe a nós respeitar as regras que estavam postas e, junto ao parceiro, construir novas bases para esse relacionamento.

Repito: não é fácil, mas com paciência e sabedoria é possível encontrar nosso lugar dentro de corações que, muitas vezes, só precisam de amor, cuidado e leveza. Lembre-se: você pode não ser a mãe biológica daquela criança, mas pode exercer um papel fundamental em sua vida.

Feliz Dia das Mães para todas que amam e cuidam de seus enteados(as) com verdade e carinho!

Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.

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