Ana Brocanelo

A visão do Budismo sobre o divórcio.

Uma abordagem budista sobre como encarar a separação afetiva no casamento e na vida cotidiana.

É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura. É possível um divórcio verdadeiramente amigável.

 

Para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas.

 

Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos de nossa trajetória. A vida é como atravessar uma ponte. Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós.

 

O medo da solidão, muitas vezes, faz com que as pessoas suportem o insuportável. Ou se lamentem após uma separação, apegadas até mesmo ao conflito conhecido.

 

Ainda há mulheres e homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras.

 

Como dar limites? Como conhecer esses limites?

 

Quando os limites são desrespeitados, as dificuldades começam. Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio. Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas, animais de estimação, amigos, familiares.

 

Caminhamos lado a lado. Ou não.

 

Quando nos afastamos e nos distanciamos, nunca é repentino. Um processo que, se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é, poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo. Entretanto, se não conseguirmos antever o que já acontece, se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade, poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser.

 

Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso agradecemos. Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção. Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa.

 

Nada é fixo. Nada é permanente.

 

Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos.

 

Por que sofrer? Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente? Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento?

 

Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada.

 

Separar-se dói, confunde, mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos. Separação pode ser também uma bênção, uma libertação de uma fantasia, de uma ilusão.

 

Observe em profundidade.

 

Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo? No Japão, as peças restauradas são mais valiosas do que as novas. Tem história, emoção, sentimento.

 

Cuidado com o eu menor. Cuidado com sentimentos de rancor, raiva, vingança. Esse sentimentos destroem você, mais do que as outras pessoas.

 

Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão. Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você.

 

Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –, renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido, o novo – que pode ser antigo, mas novo a cada instante.

 

Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu.

 

Esse o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa.

 

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438

Fonte: Budismo Petrópolis. “Separação Afetiva – Uma visão Budista“. Por Monja Coen.

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