Ana Brocanelo

Jesus e a violência contra a mulher.

Em João, Capítulo 8, há uma das mais cativantes defesas de Jesus. Você conhece? Qual a relação dessa passagem bíblica com a temática da violência contra a mulher e desigualdade de gênero?

Em João, Capítulo 8, há uma das mais cativantes defesas de Jesus.

 

Jesus estava com seus discípulos no Monte das Oliveiras, quando, de repente, uma multidão surge trazendo uma mulher.

 

Escribas e Fariseus a acusavam de adúltera, pois havia sido apanhada em flagrante. Na época, a Lei determinava que mulheres adúlteras deveriam ser apedrejadas. A multidão indagava Jesus sobre o que deveria ser feito para puni-la.

 

Jesus se inclinou, começou a escrever com o dedo na terra e disse:

 

— “Aquele que dentre vós estais sem pecado, seja o primeiro que atire a primeira pedra contra ela.” Com sabedoria, Ele não discute a Lei, apenas muda o alvo do julgamento (advogado dos advogados modo ON).

 

Quando ouviram isto, os Escribas e Fariseus se retiram envergonhados, um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.

 

Jesus, então, pergunta:

 

— “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?

 

— “Ninguém, Senhor“, respondeu ela.

 

— “Eu também não te condeno: vá, e não peques mais“.

 

Na época de Cristo, as mulheres eram marginalizadas, tratadas como impuras e inaptas para qualquer função na sociedade, a não ser para a de esposas e mães. A mulher que dava à luz era declarada impura. Por ser filha, 80 dias de impureza (meninos eram impuros por 40 dias). Por ser esposa; a relação sexual a tornava impura durante um dia.

 

Sempre se justificava e se mantinha o privilégio e a dominação do homem sobre a mulher. Se um homem não gostasse mais da sua esposa, podia livrar-se dela dizendo que ela já não era virgem quando se casaram. Se os pais da mulher não conseguissem provar o contrário, ela seria apedrejada. Somente homens tinham o direito de pedir o Divórcio. A Lei previa a morte de um casal adúltero, porém, na prática, somente a mulher era julgada e condenada por adultério.

 

Hoje em dia, após mais de 2.000 anos, nós realmente esperamos que a desigualdade de gênero e qualquer tipo de violência contra a mulher seja combatida. Sob à luz da palavra de Cristo, da Justiça e de uma sociedade digna, que não exista mais o estigma de tantas Suzanas e Marias Madalena por ai…

 

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438

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