Ana Brocanelo

O que fazer quando o Divórcio dos pais afeta a relação entre avós e netos?

Saiba como a relação afetiva dos avós com os netos pode ajudá-los a enfrentar a fase delicada do divórcio dos pais. Entenda os direitos jurídicos dos avós na vida dos netos.

O Divórcio é um evento doloroso e complexo que pode afetar não apenas os pais e filhos diretamente envolvidos, mas também a dinâmica de toda a família. Muitas vezes, os avós podem se encontrar em uma situação delicada quando ocorre o Divórcio dos filhos, uma vez que a separação pode ter consequências significativas para a relação entre avós e netos. Quais são as implicações emocionais e jurídicas desse cenário, destacando o papel dos avós na vida dos netos e como eles podem contribuir para o cuidado emocional das crianças após o divórcio dos pais?

 

A relação entre avós e netos é muitas vezes caracterizada por um vínculo afetivo profundo, baseado em carinho, cuidado e experiência de vida. Para as crianças, os avós podem desempenhar um papel crucial em sua educação e desenvolvimento emocional. Nesse contexto, quando a estabilidade familiar é abalada, a presença e o apoio dos avós podem ser ainda mais significativos.

 

A separação pode causar uma série de emoções intensas nas crianças, como tristeza, ansiedade e confusão. Os netos podem sentir-se divididos entre os pais e, em alguns casos, podem até se sentir culpados pela separação. Nesse momento delicado, a figura dos avós pode ser um porto seguro para as crianças, oferecendo conforto emocional e estabilidade, ouvindo seus sentimentos e fornecendo um espaço para expressarem suas emoções.

 

Em termos jurídicos, o Divórcio pode influenciar os direitos dos avós em relação à Guarda e ao Direito de Convivência com os netos. A legislação reconhece a importância dos laços familiares e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê que os avós têm o direito de visitar os netos, mesmo que um dos pais seja contra, desde que isso não prejudique o bem-estar da criança.

 

A Lei 12.398, relacionada ao Direito de Convivência, acrescentou ao Código Civil Brasileiro a previsão de que “o direito de visitas estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente”. Isso significa que, em casos de conflito envolvendo o direito dos avós de visitarem e participarem da vida dos netos, os avós podem acionar a justiça para regulamentar essa situação, independentemente do estado civil dos pais da criança ou adolescente.

 

Embora a lei seja benéfica para os avós, nem sempre resulta em visitas frequentes e extensas. Em geral, as fixações legais para visitas costumam se resumir a um final de semana por mês, com a possibilidade de um dia de semana adicional. Isso pode ser limitante para avós que desejam maior convivência com seus netos, mas, ao mesmo tempo, pode ser benéfico para os pais que consideram a presença dos avós excessiva ou desconfortável, pois estabelece uma frequência controlada.

 

Além das questões legais, é essencial alertar sobre o fenômeno da Alienação Parental, que pode ocorrer em conflitos familiares envolvendo avós e netos. A Alienação Parental consiste em práticas abusivas que visam afastar a criança dos pais ou dos avós, utilizando comentários depreciativos ou manipulando emocionalmente a criança. Essa prática é considerada prejudicial e pode levar a restrições legais nas visitas dos avós, ou mesmo aplicação de multas, dependendo da situação.

 

Outro aspecto importante é a possibilidade de pagamento da Pensão Alimentícia, em que o responsável legal pela criança pode pleitear benefícios financeiros dos avós, caso suas condições financeiras sejam mais favoráveis para o desenvolvimento da criança do que as dos próprios pais. No entanto, é crucial destacar que o Direito de Convivência dos avós com seus netos e a obrigação de pagar Pensão Alimentícia não estão diretamente vinculados, pois o foco principal é sempre a proteção e bem-estar da criança, independentemente da compensação financeira para seus responsáveis legais.

 

Embora seja possível que pais e avós negociem, em caráter particular, uma rotina de visitação sem recorrer ao Poder Judiciário, é importante considerar que, em algumas situações, a Mediação Judicial pode ser necessária para garantir os direitos e interesses de todas as partes envolvidas.

 

 

• Como os avós podem colaborar?

 

– Tenha uma comunicação aberta: encoraje uma comunicação aberta e honesta com os netos, permitindo que eles compartilhem seus sentimentos e preocupações.

 

– Evite conflitos: em situações de Divórcio conturbado, os avós devem evitar se envolver em conflitos e manter o foco no bem-estar das crianças.

 

– Respeitar a decisão dos pais: é essencial respeitar as decisões dos pais em relação à educação dos filhos, mesmo que nem sempre se concorde com elas.

 

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438

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