Uma relação tóxica pode começar de maneira sutil, como uma crítica a um comportamento, a maneira da pessoa se vestir, e vai piorando aos poucos, quando o parceiro demonstra claramente que está controlando e perseguindo a mulher, com a pretensão de coagi-la e torná-la submissa a ele.
Neste relacionamento, a pessoa que tem insegurança e sentimento de inferioridade pode ter uma percepção distorcida de uma relação, idealizando, inclusive, que seu parceiro irá mudar.
A mulher, sendo insegura e tendo problemas de auto aceitação, entende este comportamento como amor.
Além dessas questões individuais da mulher, como insegurança, sentimento de inferioridade e necessidade de estar com alguém, muitos fatores contribuem para que ela permaneça em um relacionamento abusivo. Algumas tendem a acreditar que não encontrarão outra pessoa. Há também pressões familiares ou sociais, dependência emocional, dependência financeira, medo de se expor e até culpa, pois, muitas vezes, o agressor a responsabiliza pelo comportamento manifestado por ele.
Quem passa por esses abusos, muitas vezes, “finge” já ter se acostumado, e prefere continuar do jeito que está do que enfrentar os desafios que virão pela frente. Essa acomodação pode estar relacionada à própria personalidade da pessoa, alguém que frequentemente se sente frágil e, mesmo sendo abusada, se sente protegida pelo outro. Daí, cria-se uma relação simbiótica, na qual um depende emocionalmente do outro, formalizando um processo de desrespeito e submissão, que é alimentado continuamente.
A partir do momento em que a mulher consegue ter consciência da sua realidade e que precisa se libertar da visão que tem sobre amor e respeito, fica mais fácil trabalhar essa distorção em terapia, conseguindo resgatar sua integridade física, moral e psicológica.
Uma vez fora da relação abusiva, é importante essa mulher se fortalecer, desenvolver autoconhecimento e saber reconhecer o que define amor.
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438