A Alienação Parental é o conjunto de comportamentos que um dos pais apresenta com o objetivo de denegrir a imagem do outro, pai ou mãe, perante seus filhos. O filho é usado como instrumento de vingança e as consequências desta situação podem ser avassaladoras para o desenvolvimento da criança.
Os casos de Alienação Parental se tornaram muito comuns nas famílias divorciadas e os filhos são as principais vítimas nos processos de divórcio.
A Alienação Parental sempre será um círculo vicioso e os pais ou mães que são os alvos da alienação necessitam lutar diariamente para restabelecer um relacionamento saudável e amoroso com os seus filhos. Quem vive a alienação sabe que ser mãe e ser pai é mais que um exercício diário.
Tentar se aproximar e educar um filho que foi condicionado a acreditar que você é mau ou má e que nunca o amou é um desafio. O que você faz quando seu filho parece te odiar ou se recusa a vê-lo (a)?
• Seja imparcial:
Se você é acusado (a) por um furto que não cometeu, ficaria quieto (a), sem dizer nada? Claro que não. Tendo esse comportamento, no mínimo, você seria desleal com seu filho. Desta forma, enfrente a situação de forma imparcial.
— “A mamãe (ou o papai) disse que você queria o divórcio porque não nos ama?”.
Aqui não vale o olho por olho, dente por dente. Responda ao seu filho em um tom imparcial:
— “Sinto muito que a mamãe tenha lhe contado isso desta forma, porque não é verdade. O fato de mim e sua mãe nos separarmos não tem nada a ver com você e isso é um assunto que deve ser tratado só por adultos. Eu e a mamãe sempre te amaremos e sempre seremos seus pais”.
• Incentive seu filho a sempre conversar com você diretamente:
Identificar a Alienação Parental não é fácil. O genitor alienador, geralmente, isola a criança do ex-cônjuge, alimentando-a com a sua realidade distorcida para que a criança acredite que essa é a verdade. Assim, a criança começa a mostrar indiferença com um dos progenitores, sabendo diferenciar de forma muito clara qual dos dois é bom e, qual é ruim; ocorre desvalorização dos sentimentos do outro progenitor, sendo comum que as crianças comecem a usar um vocabulário que não corresponde à sua idade; os insultos são frequentes, assim como as ações agressivas para com o progenitor em questão; reproduções onde a criança expõe situações onde não participou, usando argumentos que não são próprios e que não correspondem à sua idade e incentivos, onde o progenitor alienador incentiva a conduta do seu filho.
• Como é que se pode combater a Alienação e os comportamentos manipulados da criança?
Diga para seu filho para vir até você, caso tenha dúvidas sobre algo que ouviu sobre você ou sobre algo em que passou a acreditar que o preocupa. Continue sendo imparcial. Todos os filhos precisam aprender a falar com os pais diretamente, em vez de usar o outro genitor como intermediário. Seu filho pode não acreditar em você, mas pelo menos ele terá a oportunidade de ouvir o seu lado da história e, caso já detenha um certo discernimento, poderá comparar as versões.
• Continue estendendo a mão com empatia:
Se você não tem a custódia do seu filho, se seu filho recusar a visitação ou, se está sendo impedido, não pare de tentar um relacionamento com ele. Não desista.
Envie e-mails, mensagens pelo Whatsapp, mande cartinhas, ligue, apareça em eventos escolares. Não espere obter uma resposta e compreenda isso. Não interprete essa falta de resposta como um sinal de que seu filho não se importa com o fato de você estar tentando ser pai dele. Mesmo que ele diga que não gosta e não quer te ver, ele está testando o seu compromisso com ele.
• É difícil, mas seja paciente:
Reconstruir seu relacionamento com seu filho é uma maratona diária. Pode levar anos, antes que você veja que seus esforços valerem a pena. Concentre-se em sua intenção de se reconectar, reestabelecer o relacionamento com seu filho e tente deixar de se preocupar com o resultado.
Lembre-se: por pior que seja seu relacionamento com seu ex-cônjuge e diante da Alienação Parental, conjugalidade não deve ser nunca confundida com parentalidade.
A Alienação Parental é uma forma de abuso emocional e psicológico. É uma crueldade praticada contra crianças e adolescentes, que pode se desdobrar desde um simples sofrimento psicológico até mesmo sofrimento físico e cognitivo.
Antes de todo e qualquer sentimento de raiva contra o ex-cônjuge, pense no amor que sente pelo seu filho.
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438