Ana Brocanelo

Divórcios em caso de violência física, emocional e patrimonial

No mundo do direito de família, muitas pessoas acreditam que advogados adoram lidar com divórcios. No entanto, essa percepção não reflete a realidade. Nem todos os casamentos duram para sempre e, infelizmente, nem todos os divórcios são simples. Muitas vezes, eles são dolorosos, mas também podem ser inevitáveis e necessários. Necessários para a saúde mental e física, e até mesmo para a estabilidade financeira das partes envolvidas. Neste post, exploraremos os desafios enfrentados em casos de violência emocional, física e patrimonial e a importância do divórcio como uma saída para um recomeço mais saudável e justo.

Muita gente acha que, por sermos advogados de família, adoramos um divórcio. Não é bem assim. Nem sempre os casamentos duram, e nem sempre os divórcios são fáceis, mas, muitas vezes, eles são inevitáveis. Necessários. Necessários para o psicológico, para o físico e, sim, até para o bolso.

Quantos relacionamentos abusivos continuam no piloto automático, sustentados por desculpas que a gente conhece de cor?
“Temos filhos.”
“Temos dívidas.”
“A religião não permite.”
“É o que todo mundo espera.”

Quase 28 anos ouvindo essas justificativas e ainda me surpreendo com histórias que me chegam: violência emocional, física, patrimonial… Como é possível, em pleno 2025, ainda termos relações em que a força prevalece, o dinheiro cala e o silêncio sufoca?

E a violência patrimonial? Ah, essa é tão sorrateira quanto cruel. Quantos escondem bens, manipulam contas, criam empresas fantasmas para fugir da partilha? E quantas mulheres não aguentaram décadas em casamentos falidos, com medo de perder tudo? Mais triste ainda: quando essas mesmas mulheres, agora mães ou avós, fecham os olhos para as dores de noras e netos.

Violência é violência. Não importa se ela vem em forma de um grito, de uma palavra que fere, de uma conta bancária escondida ou daquele silêncio que te faz duvidar de quem você é.
E sim, o divórcio nesses casos é um caminho cheio de espinhos. Para a vítima, para os filhos e até para nós, advogados. É um exercício constante de atenção, agilidade e, acima de tudo, de empatia. Porque, enquanto lutamos no papel, a vítima ainda divide o teto com quem a oprime.

O mais duro? Ver a vítima voltando para o algoz. Acordos feitos às escondidas, longe de nossos escritórios, por pressão psicológica ou por medo do desconhecido. E, nesses momentos, a nossa vontade de fazer o mundo entender que “isso vai passar” é confrontada por um sentimento de impotência.

Divórcios nem sempre são fáceis. Mas eles são necessários. Necessários para que uma vítima recupere a vida. Para que filhos cresçam sem as cicatrizes da violência. E, sim, necessários para que a justiça prevaleça.

Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.

Mais Posts

Madrastas também podem ser chamadas de mãe?

Amor, insegurança, conquista de espaço – ser madrasta é muito mais complexo do que parece. No Dia das Mães, essa reflexão vai além das flores e do parabéns formal: fala de vínculos reais, desafios emocionais e direitos legais que poucas conhecem. Quer saber mais sobre os desafios e os direitos das madrastas? Leia nosso artigo completo.

A Madrasta Deve Pagar Pensão Alimentícia ao Enteado?

A responsabilidade da madrasta pela pensão alimentícia do enteado gera dúvidas jurídicas e sociais. Embora a legislação brasileira não determine essa obrigação, em alguns casos, a relação socioafetiva pode influenciar decisões judiciais. Quer entender melhor como esse tema é tratado na legislação? Confira nosso artigo e descubra mais sobre os critérios adotados nos tribunais!

A série Adolescência aos olhos do Direito Civil

Já imaginou como o Direito Civil aborda a responsabilidade dos pais por atos de seus filhos menores? No artigo, exploramos o impacto da legislação brasileira à luz da série “Adolescência”, discutindo deveres familiares e formação cidadã. Acesse o conteúdo e entenda as implicações legais e reflexões sobre educação e convivência familiar.

Deixe sua mensagem