Ana Brocanelo

Os filhos e o divórcio.

No livro Parents Forever: The Impact of Divorce on Children (Pais para Sempre: O Impacto do Divórcio nas Crianças), lemos: "Os pais às vezes tornam-se excessivamente permissivo com as crianças devido a um sentimento de culpa ou devido a uma falta de energia para a parentalidade. Limites proporcionam segurança e fronteira para as crianças e precisam ser aplicados de forma coerente por ambos os pais."

A crença dos filhos em relação aos pais é que eles viverão juntos para sempre. Dificilmente passa pela cabeça desses pequenos que os pais podem um dia vir a se separar. Porém sabemos que o divórcio acontece e que na maioria das vezes não é bom para os filhos. Existem escritores que tentam amenizar a dor da separação, escrevendo dicas sobre como lidar a situação. Os argumentos são distintos, mas a realidade é que nenhum filho gosta dessa ideia. Obviamente existem filhos que afirmam que a separação dos pais foi a melhor decisão para a vida do casal diante da vida que levavam, mais isso não significa que aprovam a ideia de separação. Muito provavelmente eles iriam preferir ter os pais juntos e vivendo felizes.

 

Os corações mudam, os objetivos do casal tornam-se diferentes e a cada dia vai ficando mais pesado e difícil levar uma vida a dois. Este é um ponto de decisão: separar-se ou tentar reconstruir a relação. Bem, geralmente os casais que decidiram se separar, já tentaram a reconciliação e já deram chances para a relação. Tendo elas esgotado e nada mudado, a separação passa a ser o objetivo final.

 

Sabemos que o divórcio é quase sempre o ponto final em anos de desentendimentos, expressos ou velados, entre os pais. Há pais que se orgulham do fato de não ter havido muitas brigas antes da separação. “Nunca discutimos na frente das crianças” Bem, isso não é garantia de que a separação será menos dolorosa para os filhos, pois as crianças sabem que os desentendimentos existem. Elas têm um incrível radar para captar o que está oculto.

 

Prováveis consequências da separação:

Casais que brigam muito e que se divorciam, podem gerar em seus filhos estresse e um sentimento de impotência, pois eles não desejam que tudo acabe, mas sabem que não podem fazer nada. E, o que é pior, as crianças às vezes acreditam que a separação dos pais aconteceu porque elas não foram boas o suficiente, sentem como se fosse culpa delas. Esse tipo de crença pode persistir, mesmo que os pais digam o contrário.

 

A separação sob a perspectiva do adolescente:

Diante da separação, os adolescentes podem perder a credibilidade antes depositada nos pais. Já ouvi uma garota de 15 anos se referir aos pais separados da seguinte maneira: “Como posso confiar neles? Eu pensei que se amavam, e de repente se separam e nem se importam com o que penso sobre isso”.

 

Dados de pesquisa:

Um estudo observou por vinte e cinco anos crianças cujos pais haviam se separado. Descobriu-se que tais crianças apresentavam muito mais dificuldade no amor, em sua vida íntima e no comprometimento com seu casamento, do que um grupo de controle cujos pais não haviam se divorciado. Além disso, os filhos de pais divorciados tinham muito mais dificuldade de exercer seus papeis de pais.

 

Você pode estar se perguntando: Já que separar-se é ruim e ficar numa relação com brigas também. O que devo fazer? Se o divórcio é inevitável, procure dar o maior apoio possível para os seus filhos. Isso poderá diminuir o impacto da sua decisão sobre eles.

 

Algumas dicas:

– Evite colocá-los contra o pai / mãe. Lembre-se: é você que está se separando, não eles;

 

– Não tente fazer de seus filhos um álibe ou suporte emocional. Essa decisão e suas conseqüências, você terá que assumir sozinho (a);

 

– Permita que eles expressem o que pensam e sentem sobre o assunto, por mais que seja doloroso para você ouvir. Isso alivia muito o mal estar causado pela separação.

 

– Ao começar a namorar de novo, poupe seus filhos no início da sua relação. Apresente a eles somente quando a relação já estiver estável e com grandes chances de dar certo.

 

– Aceite e acolha os sentimentos que podem surgir em seus filhos com a separação (raiva, medo, angústia, depressão, etc.) Caso você não consiga lidar bem com eles, procure ajuda profissional para você e para seus filhos.

 

– Você está separando (a) do seu marido / esposa, não de seus filhos, então procure estreitar as relações e aumentar o vínculo.

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438 | OAB/ES: 23.075

Fonte: Tribuna do Ceará. “Os filhos e o divórcio”. Por Lila Rosana. http://bit.ly/1KjGdWp

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