Por que as mulheres sofrem mais no divórcio? Seria essa uma pergunta ou uma afirmação? Às vésperas do Dia das Mulheres, ainda somos vistas como o sexo frágil nas relações, e posso afirmar: quem dera fôssemos mesmo. Não falo da fragilidade física, mas sim daquela da alma, a que une e sustenta uma família.
Ainda vivemos em um patriarcado, em um mundo machista e separatista – homens fortes de um lado, mulheres desesperadas do outro. Ledo engano de quem ainda pensa assim. Foi-se o tempo em que as mulheres não sabiam para onde ir ou o que fazer após o fim dos casamentos. Hoje, são elas que pedem o término da relação, seja por abuso ou simplesmente porque o amor acabou.
As mulheres já entenderam há tempos que são as únicas responsáveis pela própria felicidade. Hoje, são independentes. São mães – sem adjetivo nenhum, porque nada as define mais do que o simples fato de serem mulheres. São trabalhadoras que passam até seis horas no trajeto entre o trabalho digno e o lar, são microempreendedoras na cozinha ou na sala de casa, garantindo o sustento dos filhos ou a renda extra da família. São também CEOs de grandes empresas, liderando com propriedade e competência.
Mas, sim, ainda sofrem muito quando se trata de divórcio. Sofrem com o medo de perder os filhos, de não dar conta da parte financeira. Sabem que serão julgadas pela sociedade e subjugadas pelos ex-parceiros. Bate a insegurança: será que ainda dá tempo de fazer faculdade, de se sentir bonita, de voltar lá naquela encruzilhada onde a vida tomou um rumo diferente? “Alguém mais vai me querer nesta idade, com filhos, com toda essa bagagem?”, perguntam-se elas.
É então que lembram que, de tudo, restou ela mesma. Com toda a força de quem nunca deixou a peteca cair, que chora, mas segue em frente, que sofre, mas faz acontecer. Que se refez tantas e tantas vezes. Lembra da música “Maria, Maria” – de uma gente que ri quando deve chorar…
Sofremos mais porque somos o sexo frágil? Ou será porque tomamos para nós a dor das nossas crias, porque sabemos que nada será como antes e, no fundo, rezamos para que não seja mesmo? Que venham tempos melhores, que venham esperanças e renovação. Que venha tudo aquilo que sonhamos, porque nós somos capazes de ser felizes em qualquer circunstância.
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.