Ana Brocanelo

Foto de mulher com retirando a aliança de casamento após decidir pelo divórcio.

Porque as mulheres sofrem mais no divórcio

O pensamento ainda pesa mais para as mulheres, mas não por fragilidade – e sim pela força de quem carrega a família, enfrenta julgamentos e recomeça quantas vezes por preciso. Ainda vivemos em um mundo machista, onde eles temem perder os filhos, a estabilidade financeira e até a própria identidade. Mas, apesar da dor, seguem em frente, reconstruindo a vida com coragem. Neste artigo, reflito sobre os desafios do futuro para as mulheres, o peso das expectativas sociais e a capacidade que elas têm de renascer.

Por que as mulheres sofrem mais no divórcio? Seria essa uma pergunta ou uma afirmação? Às vésperas do Dia das Mulheres, ainda somos vistas como o sexo frágil nas relações, e posso afirmar: quem dera fôssemos mesmo. Não falo da fragilidade física, mas sim daquela da alma, a que une e sustenta uma família.

Ainda vivemos em um patriarcado, em um mundo machista e separatista – homens fortes de um lado, mulheres desesperadas do outro. Ledo engano de quem ainda pensa assim. Foi-se o tempo em que as mulheres não sabiam para onde ir ou o que fazer após o fim dos casamentos. Hoje, são elas que pedem o término da relação, seja por abuso ou simplesmente porque o amor acabou.

As mulheres já entenderam há tempos que são as únicas responsáveis pela própria felicidade. Hoje, são independentes. São mães – sem adjetivo nenhum, porque nada as define mais do que o simples fato de serem mulheres. São trabalhadoras que passam até seis horas no trajeto entre o trabalho digno e o lar, são microempreendedoras na cozinha ou na sala de casa, garantindo o sustento dos filhos ou a renda extra da família. São também CEOs de grandes empresas, liderando com propriedade e competência.

Mas, sim, ainda sofrem muito quando se trata de divórcio. Sofrem com o medo de perder os filhos, de não dar conta da parte financeira. Sabem que serão julgadas pela sociedade e subjugadas pelos ex-parceiros. Bate a insegurança: será que ainda dá tempo de fazer faculdade, de se sentir bonita, de voltar lá naquela encruzilhada onde a vida tomou um rumo diferente? “Alguém mais vai me querer nesta idade, com filhos, com toda essa bagagem?”, perguntam-se elas.

É então que lembram que, de tudo, restou ela mesma. Com toda a força de quem nunca deixou a peteca cair, que chora, mas segue em frente, que sofre, mas faz acontecer. Que se refez tantas e tantas vezes. Lembra da música “Maria, Maria” – de uma gente que ri quando deve chorar…

Sofremos mais porque somos o sexo frágil? Ou será porque tomamos para nós a dor das nossas crias, porque sabemos que nada será como antes e, no fundo, rezamos para que não seja mesmo? Que venham tempos melhores, que venham esperanças e renovação. Que venha tudo aquilo que sonhamos, porque nós somos capazes de ser felizes em qualquer circunstância.

Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.

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