A separação de um casal é um processo traumático para os adultos e que envolve, sobretudo, a insegurança quanto ao destino dos familiares. Se o casal tiver filhos, é preciso atravessar esse momento preservando as crianças. Contudo, nos casos de separação litigiosa, um tipo de abuso contra crianças e adolescentes é observado. A Alienação Parental, considerada como uma síndrome por causar dor e sofrimento aos envolvidos, pode, inclusive, romper os vínculos familiares.
Segundo uma pesquisa realizada pela Associação de Pais e Mães Separados (Apase), 80% dos filhos de pais separados sofrem com o problema em algum grau. Esse é o caso da jovem Fernanda Sousa, de 23 anos, que escutou durante toda a sua infância comentários da mãe sobre o pai. “Lembro que, desde muito pequena, ouvia minha mãe reclamar do meu pai, falar sobre sua ausência nas minhas atividades escolares e sempre se zangava quando ia visitá-lo”, conta.
O caso de Fernanda se parece com o de muitas crianças e jovens que, além de acompanharem de perto o divórcio traumático dos pais, ainda são usados como “arma” para desmoralizar o outro genitor.
Os casos de Alienação Parental se tornaram muito comuns nas famílias e os filhos são as principais vítimas nos processos de divórcio. Existem vários casos em que a criança está sob a guarda da mãe e não quer saber do pai. Há casos também de acusações falsas, onde um dos pais inventam histórias para acusar o outro de Alienação Parental e vive denunciando na justiça, causando um grande mal estar. Se comprovado na justiça que um dos genitores é alienador, ele pode perder a guarda do filho. Se o acusado de participar do abuso não tiver a guarda, pode ser proibido por um algum tempo de conviver com a criança ou adolescente.
Os pais devem ficar atentos com algumas ações das crianças que podem indicar a Alienação Parental, tais como: a criança começa a mostrar indiferença com um dos progenitores, sabendo diferenciar de forma muito clara qual dos dois é bom e qual é ruim; ocorre desvalorização dos sentimentos do outro progenitor, sendo comum que as crianças comecem a usar um vocabulário que não corresponde à sua idade; os insultos são frequentes, assim como as ações agressivas para com o progenitor em questão; reproduções onde a criança expõe situações onde não participou, usando argumentos que não são próprios e que não correspondem à sua idade e incentivos, onde o progenitor alienador incentiva a conduta do seu filho.
• Comportamento pode suspender direito de visitas:
Além dos prejuízos emocionais para as crianças expostas à situação de Alienação Parental, a Justiça prevê sanções que vão desde advertências dos genitores até a suspensão do direito de vistas pelo genitor que provocou a alienação. Entre os sintomas dessa síndrome, crianças e adolescentes podem passar a ter baixa estima, ansiedade e complexo de inferioridade. Em casos mais severos, o menor exposto à essa situação pode desenvolver doenças físicas por não suportar a situação provocada pelos pais.
A Alienação Parental é uma forma de abuso emocional e psicológico. É uma crueldade praticada contra crianças e adolescentes, que pode se desdobrar desde um simples sofrimento psicológico até mesmo sofrimento físico e cognitivo. Há crianças que desenvolvem doenças por não suportar a situação.
Casos comprovados de Alienação Parental podem resultar na suspensão do direito de visitas e, em casos mais graves, na perca do poder familiar.
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438
Fonte: Portal O Dia. “80% dos filhos de pais separados sofrem com Alienação Parental“. Texto editado. Por Andressa Figuerêdo. CC BY 4.0 BR.