Onde você se vê daqui a cinco anos? É uma pergunta padrão de entrevista de emprego, mas é uma pergunta ainda melhor para se fazer sobre seu relacionamento.
Na maioria das vezes em um relacionamento, quando ele vai bem, navegamos no piloto automático, mantendo o status quo da relação. De vez em quando, porém, algo sério pode acontecer, interrompe esse equilíbrio e a gente pondera seriamente sobre o destino do relacionamento. Já aconteceu com você?
Em algum momento, a maioria das pessoas se depara com a complicada decisão de continuar ou desistir de um casamento. Embora haja muitas coisas pessoais e que só dizem respeito a você e ao seu cônjuge a considerar, existem fatores comuns para avaliar uma relação amorosa e realizar escolhas.
Quais são alguns motivos que alguém pode considerar para querer ficar junto ou deixar seu cônjuge, se divorciar?
Para manter um relacionamento, muitas pessoas concentram-se nos principais componentes do relacionamento, como atração, intimidade física e afetiva, apoio, comprometimento e inúmeros fatores emocionais. As pessoas relutam em perder o tempo e o esforço que já investiram no casamento e têm medo de ficarem sozinhas. Nestes casos, consideram vantagens, como os aspectos desejáveis da personalidade de seu parceiro e o quanto eles se divertiram juntos, os aspectos positivos dos cônjuges em detrimento dos negativos. Há também questões práticas, incluindo possíveis rupturas familiares e implicações financeiras.
Já os motivos para sair de um relacionamento são inúmeros. O foco é no lado negativo, como a personalidade problemática do cônjuge, atos de decepção ou traição, distância emocional, falta de apoio e intimidade emocional ou física insuficiente.
Na minha experiência como advogada em Direito de Família, posso confirmar que a metade das pessoas inclinam-se a permanecer em um relacionamento conturbado, após analisarmos o caso nas primeiras consultas jurídicas. Isso faz sentido – a inércia é poderosa. Ficar muitas vezes exige menos esforço. Porém, há uma ambivalência. Noto, também, que grande parte dessas mesmas pessoas têm muitas dúvidas sobre seus relacionamentos e estão tão mergulhadas em seus conflitos que são as que mais desejam terminar a relação.
Você consegue visualizar o problema?
As decisões sobre um relacionamento raramente são tão claras quanto simplesmente “devo ficar ou devo ir?” Existem circunstâncias, existem mudanças sutis nos compromissos entre o casal – que se acumulam com o tempo -, existe a dinâmica do casal e, sobretudo, sentimentos.
Acredito que há duas conjunções, dois exemplos para sim e para o não: de todas as possíveis razões que levam as pessoas para um divórcio, a traição conjugal é a que mais se destaca. Por mais que outros fatores fazem as pessoas se sentirem propensas a considerar o casamento, a traição é determinante para o término do relacionamento.
Na outra direção, um fator que aumenta o compromisso e aproxima os relacionamentos em um casamento é a validação. Relembrando um texto que já escrevi, validar é ser capaz de realmente ouvir seu parceiro e validar os sentimentos um para o outro. Isso é fundamental para um relacionamento que sobrevive ao teste do tempo.
Em um relacionamento, é sempre um erro desejar antecipar os sentimentos e reações de seu parceiro, em vez de indagar sobre eles. É também um erro não permitir que seu parceiro conheça os seus pensamentos e sentimentos, mesmo que isso pareça assustador. Na verdade, não deveria parecer, pois os casais caminham juntos sob uma diretriz: a cumplicidade. Afinal, ninguém é cúmplice sozinho.
Aqui entram duas palavras poderosas: a empatia e a validação. Mesmo que você não compartilhe pensamentos ou sentimentos sobre um determinado assunto – pense em como gostaria de ser tratada por seu parceiro se a situação fosse inversa. O diálogo é um caminho mais difícil de ser trilhado do ponto de vista do individualismo.
Relacionamentos são complicados e ninguém sabe ao certo o que o futuro reserva. É difícil saber qual é a melhor decisão se você está pensando em ficar com um parceiro ou seguir em frente sozinha.
O amor é uma decisão, e raramente é clara.
Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.
OAB/SP:176.438
Referência biobliográfica: The Conversation. “Devo ficar ou devo ir? Aqui estão os fatores de relacionamento que as pessoas consideram ao decidir se devem terminar.” Por Gary W. Lewandowski Jr. Publicado sob licença CC BY 4.0.