Ana Brocanelo

Ser pai é a melhor experiência que um homem pode ter.

Ser pai é vivenciar acertos e erros ao longo do caminho, é sorrir sozinho, junto, chorar, repreender, tomar conta, se preocupar, brincar no modo 'hard", proteger, amar incondicionalmente e ter a habilidade de aprender com tudo isso.

Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”.

 

Por José Saramago.

 

 

Ser pai é vivenciar acertos e erros ao longo do caminho, é sorrir sozinho, junto, chorar, repreender, tomar conta, se preocupar, brincar no modo ‘hard“, proteger, amar incondicionalmente e ter a habilidade de aprender com tudo isso. E é também, saber que não se pode aprender tudo o que há para saber sobre como ser bons pais. Faz parte de nossas vidas.

 

Todos os pais passarão por momentos semelhantes, apesar de cada um ter sua própria experiência de vida. São momentos difíceis…

 

 

O primeiro deles é ‘Não fazer nada quando puder‘: como pais, queremos ajudar nossos filhos sempre que pudermos. É fácil para nós fazer a multiplicação, escrever um relatório de livro e andar de bicicleta. No entanto, não podemos fazer lição de casa de matemática e inglês ou andar de bicicleta em nome de nossos filhos. Nossos filhos não aprenderão o que precisam se fizermos isso por eles.

 

Metaforicamente falando, não podemos deixar nossos filhos terem rodinhas para sempre, o que significa que eles inevitavelmente cairão e falharão, às vezes.

 

Essas falhas geralmente resultam em dor e frustração que os pais poderiam ter evitado, mas nem sempre podemos protegê-los de tais experiências porque eles precisam desenvolver o domínio das habilidades da vida por conta própria.

 

Esse tipo de restrição dos pais é necessário para que as crianças possam aprender importantes habilidades de enfrentamento por si mesmas.

 

 

O segundo momento é ‘Não poder ajudar quando você sente que deve’: quando seu filho está no hospital ou doente na cama, em casa, você geralmente fica bastante desamparado, mas daria qualquer coisa para trocar de lugar com a criança para ajudá-la a evitar o dor e desconforto que eles estão experimentando.

 

Qualquer pai amoroso trocaria de lugar com seu filho em um piscar de olhos. Infelizmente, não é assim que a vida funciona. Esses momentos dolorosos nem sempre envolvem doenças catastróficas ou emergências médicas, mas são algo para o qual os pais precisam se preparar mentalmente, emocionalmente, fisicamente e espiritualmente para sobreviver.

 

 

‘Cada dia, eles precisam menos de você’ é terceiro momento. Durante os primeiros anos de vida, quase tudo que uma criança sabe sobre a vida foi aprendido de seus pais ou familiares próximos. Mas uma vez que eles começam a ir para a escola, eles continuam a aprender e crescer independente de você, o pai.

 

Parte do que eles aprendem pode ser transversal aos valores que você está tentando incutir em seus filhos. É preocupante porque sua posição e autoridade como pai está sendo desafiada, e esse tipo de reação só aumentará à medida que os amigos da criança ganharem mais influência durante a adolescência. No entanto, quanto mais nossos filhos pressionam contra a autoridade dos pais, precisamos amá-los proporcionalmente e muito mais.

 

 

Um momento que assusta é o ‘Você não pode estar com eles 24 horas por dia, 7 dias por semana’: isso é um desafio porque você espera ter preparado seu filho para tomar decisões boas e seguras quando você não estiver por perto, especialmente diante de situações potencialmente negativas na vida do filho.

Os pais precisam estabelecer limites comportamentais internos para seus filhos usando amor e disciplina consistente.

 

 

O momento de preocupação é ‘Você vai ter que deixá-los ir’: este é um dos momentos mais preocupantes. Nossa mais velha tem atualmente 13 anos, mas em três curtos anos ela estará dirigindo um carro, depois indo para o baile, depois indo para a faculdade e assim por diante. Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos.

 

 

O momento mais triste e angustiante, a pior dor que nenhum pai deveria passar, mas que muitos deles sofrem diariamente é aquele em que surge a Alienação Parental. Como eu sempre digo aos meus clientes, a conjugalidade não deve ser nunca confundida com parentalidade.

 

Durante infância, as crianças não possuem maturidade e nível de desenvolvimento cognitivo e emocional suficiente para compreender um Divórcio. Elas vivenciam um luto, sentem-se culpadas pela separação dos pais e, principalmente, perdem o conceito de amor verdadeiro entre eles. Para piorar, após o divórcio, há Alienação Parental. O ex-cônjuge que detém a guarda usa o poder que recebe juridicamente de uma forma despótica, usando a criança como arma contra o ex-marido, na maioria das vezes.

 

A Alienação Parental, além de ser uma crueldade praticada contra crianças e adolescentes, que pode se desdobrar desde um simples sofrimento psicológico até mesmo sofrimento físico e cognitivo, também devasta de forma incondicional a vida de um pai. Imaginem os percalços psicológicos, morais, pessoais e profissionais que os pais passam diante de falsas acusações e denúncias de abuso contra seus filhos.

 

Essa é a dor que nenhum pai deveria ter.

 

 

Um abraço para todos.

Ana Brocanelo – Advogada.

OAB/SP:176.438

Fonte: The Good Men Project. “5 lições dolorosas que todo pai deve aprender‘. Texto editado. Publicado sob licença CC BY 4.0.

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