Ana Brocanelo

Socioafetividade: Quando os filhos nascem do coração!

Filhos do coração, laços que transcendem o sangue. A socioafetividade é a prova de que o amor define a família. Mas, afinal, quais são os direitos e deveres que acompanham essa relação? Descubra neste artigo tudo o que você precisa saber sobre o tema.

Se pararmos para pensar, José, pai de Jesus, foi o primeiro exemplo de pai socioafetivo que se tem conhecimento, afinal, Jesus era filho de Deus. Não, não discutiremos religião ou fé, mas sim o que representa a socioafetividade.

Socioafetividade — uma palavra sem sinônimo no dicionário, cuja definição é mais jurídica do que etimológica. Um termo relativamente novo para a maioria das pessoas, mas amplamente utilizado no direito de família. Embora a palavra seja nova, o sentimento é tão antigo quanto a própria humanidade.

Juridicamente, a socioafetividade pode ser definida como o reconhecimento da maternidade e/ou paternidade com base no afeto, sem vínculo biológico. Ou seja, quando uma pessoa cria um filho(a) como seu, mesmo não sendo o pai ou mãe biológico(a) da criança ou adolescente.

Antigamente, a expressão “filho do coração” era usada para se referir à socioafetividade, mas essa relação não trazia consequências jurídicas para as partes envolvidas. Com a evolução do direito de família e das relações baseadas no afeto, isso mudou consideravelmente, passando a envolver direitos e deveres específicos.

Quem reconhece um filho pela socioafetividade visa não só proteger os laços afetivos, mas também garantir os direitos das partes envolvidas para que, no futuro, tudo esteja claro e seguro.

É importante destacar que, uma vez reconhecida a filiação socioafetiva, não há distinção entre filhos biológicos, filhos fora do casamento ou filhos reconhecidos civilmente (adoção e socioafetividade). Esses direitos e deveres estão previstos no artigo 227, §6º da Constituição Federal e no artigo 1.596 do Código Civil.

O reconhecimento de um filho socioafetivo traz obrigações inerentes à paternidade e maternidade, como o dever de educar, prover o sustento financeiro (incluindo pensão alimentícia em caso de separação), além de questões familiares mais amplas, como o direito à herança, guarda e regime de convivência. Também pode haver a mudança de nome, com o acréscimo do sobrenome do pai ou da mãe socioafetivos.

Vale ressaltar que, uma vez formalizado o vínculo socioafetivo, seja por vias extrajudiciais ou judiciais, ele é irrevogável e vitalício. Por isso, essa decisão precisa ser tomada com o coração, mas também com muita razão.

Um abraço para todos.
Ana Brocanelo – Advogada.

Mais Posts

Foto de mulher com retirando a aliança de casamento após decidir pelo divórcio.

Porque as mulheres sofrem mais no divórcio

O pensamento ainda pesa mais para as mulheres, mas não por fragilidade – e sim pela força de quem carrega a família, enfrenta julgamentos e recomeça quantas vezes por preciso. Ainda vivemos em um mundo machista, onde eles temem perder os filhos, a estabilidade financeira e até a própria identidade. Mas, apesar da dor, seguem em frente, reconstruindo a vida com coragem. Neste artigo, reflito sobre os desafios do futuro para as mulheres, o peso das expectativas sociais e a capacidade que elas têm de renascer.

Nem só de escola e alimentação vivem os filhos

Crianças precisam de mais do que escola e comida. A pensão deve equilibrar necessidade e possibilidade, sem achismos. Após a separação, ajustes são inevitáveis, mas a responsabilidade é de ambos. Afinal, crescer custa — e não só no papel.

Divórcios em caso de violência física, emocional e patrimonial

No mundo do direito de família, muitas pessoas acreditam que advogados adoram lidar com divórcios. No entanto, essa percepção não reflete a realidade. Nem todos os casamentos duram para sempre e, infelizmente, nem todos os divórcios são simples. Muitas vezes, eles são dolorosos, mas também podem ser inevitáveis e necessários. Necessários para a saúde mental e física, e até mesmo para a estabilidade financeira das partes envolvidas. Neste post, exploraremos os desafios enfrentados em casos de violência emocional, física e patrimonial e a importância do divórcio como uma saída para um recomeço mais saudável e justo.

Família com mãos juntas entre pais e filhos

Seguro e Previdência Privada como Formas de Planejamento Sucessório

Com a iminente reforma tributária e o aumento das alíquotas do ITCMD em diversos estados brasileiros, surge a necessidade urgente de um planejamento sucessório eficiente. Embora as “Holdings” sejam uma escolha popular, não são a única opção para garantir a partilha de bens após a morte. Neste artigo, exploramos as vantagens dos seguros de vida e previdências privadas como alternativas eficazes e descomplicadas para evitar a incidência do ITCMD e otimizar a distribuição do patrimônio.

Deixe sua mensagem